Professor da UnB defende novo modelo para produção científica
Gustavo Lins Ribeiro defende modelo de construção do conhecimento coletivo e anônimo em conferência na Aústria
Thássia Alves - Da Secretaria de Comunicação da UnB
Thássia Alves - Da Secretaria de Comunicação da UnB
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Imagine a produção coletiva de textos gratuitos na internet, cujos colaboradores, localizados em diversos países, sejam os mais respeitados pesquisadores acadêmicos e que concordem em abrir mão de seus direitos autorias para trabalhar de acordo com o modelo “wiki”.
Gustavo Lins Ribeiro, professor titular de antropologia, diretor do Instituto de Ciências Sociais e pesquisador 1A do CNPq apresentou esta ideia na conferência de abertura do congresso de antropologia em língua alemã no auditório da Academia de Ciências da Áustria, em Viena, no último dia 14 de setembro.
Na palestra "O que há por trás de uma cópia?", o antropólogo falou sobre a importância das cópias na vida acadêmica, cultural e econômica. Na platéia, havia pesquisadores da Alemanha, Áustria e Suíça.
De acordo com Gustavo, a era digital facilita as cópias e isso traz novos desafios éticos e profissionais aos acadêmicos. Para o antropólogo, o ato de copiar é parte do processo de criação. “A universidade sempre fez uso de cópias. Basta ver os livros nas bibliotecas e as fotocópias. Muito da nossa pedagogia se baseia em reproduzir o que se sabe. Porém, continuamos buscando a originalidade”, explica.
O professor é taxativo ao defender a autoria de teses e dissertações, mas acredita que a produção acadêmica deve mudar radicalmente. “Poderá haver uma fase pós-autoral, onde a autoria individual passe a ser secundária em face à criação coletiva e anônima da informação”, afirma.
NOVOS MODELOS - Para ilustrar os limites dos universos normativos da propriedade intelectual e as adaptações em curso, ele cita a indústria fonográfica que tem respondido às mudanças na forma de consumir músicas. “A tendência é permitir baixá-las gratuitamente da internet. Porém, isso é feito em um site repleto de propagandas. É como um canal de tevê aberta”, compara.
NOVOS MODELOS - Para ilustrar os limites dos universos normativos da propriedade intelectual e as adaptações em curso, ele cita a indústria fonográfica que tem respondido às mudanças na forma de consumir músicas. “A tendência é permitir baixá-las gratuitamente da internet. Porém, isso é feito em um site repleto de propagandas. É como um canal de tevê aberta”, compara.
Gustavo menciona Lawrence Lessig, professor de Direito na Harvard Law School, que considera as mudanças nos processos de reprodução do século XXI em razão da tecnologia e os problemas regulatórios decorrentes. “Quando ele apresenta suas ideias, costuma questionar: Vocês sabem que seus filhos são todos criminosos por estarem baixando músicas e vídeos pela internet?”, conta.
“O que Lessig faz é dramatizar um problema, pois o que fazer quando todos cometem algo considerado criminoso?”, afirma. “Não há dúvida que o sistema normativo precisa mudar, mas isso depende muito mais da imaginação jurídica do que da antropológica”, conclui.

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